TASCA DA ESTAÇÃO

27.11.04

Morreu, mas ainda ninguém lhe disse

O PCP, quero dizer. Não consigo dizer isso do velho líder histórico, por quem nutro uma admiração enorme. Será por uma questão de respeito a uma vida duramente sacrificada a uma causa, e à sensação, que apenas consigo imaginar, de ver tudo ruir quase de um dia para o outro. Mas Cunhal vive ainda, embora velho e doente. O PCP não. Morreu. Que Cunhal não tenha mais nada para dizer ao partido senão um bafiento "Viva o Marxismo-Leninismo!" eu entendo, e as razões deduzem-se do texto acima. Que o partido continue a seguir a mesma cartilha e a alinhar pela ortodoxia mais ortodoxa é que não dá para entender, a não ser devido a uma qualquer e inexplicável pulsão suicidária. O PCP é hoje um fóssil vivo, que permite a quem o quiser estudar a História de Portugal do Século XX. De resto, para nada mais serve, e acreditem que é com alguma tristeza que o digo.