TASCA DA ESTAÇÃO

25.10.04

Brandos costumes

Leio aqui que o Tribunal de Aveiro condenou hoje a penas de prisão suspensas 13 dos 17 arguidos do processo de cartas de condução adquiridas sem exame. Deixem-me ver se eu entendo:
  • Morrem todos os anos mais de 1000 pessoas nas estradas;
  • Compara-se a realidade das estradas portuguesas a uma guerra civil;
  • Anda por aí uma campanha governamental chamada "paz na estrada";
  • É consensual que o panorama é negro, apesar das melhorias inequívocas dos últimos anos;
  • Estuda-se um código da estrada mais repressivo;
E manda-se em liberdade quem, em consciência, dotava pessoas inaptas para conduzir do título necessário para o fazer? Quem ganhou bom dinheiro com isso? Quem, em consciência, lançou potenciais assassinos para a estrada, estando-se a borrifar para as consequências? Está tudo doido, ou sou eu que estou com senilidade precoce?
O juiz-presidente fala em "voto de confiança", o que, se não fosse grave era para um gajo se esborrachar a rir. Será que o juiz-presidente não compreende que neste caso, que mais não fosse por uma questão de princípio, as penas teriam que ser efectivas? Que essa gente devia ir bater com os costados na prisão durante algum tempo? Causa-lhes transtorno estar presos? Têm filhos deficientes a cargo? Tivessem pensado nisso antes, digo eu.
Também se dispensava o comentário de um dos advogados de defesa, classificando o acórdão de "sensato". Resulta claro que ele fez o seu trabalho, e bem. Devia, no entanto, seguir o exemplo do Presidente da República e perceber quando devia ficar calado.

Pouco depois, no mesmo sítio, a estatística da semana passada: 21 mortos, etc, etc. Será que isto não incomoda a consciência do juiz-presidente?