TASCA DA ESTAÇÃO

6.6.05

A União está doente

A constituição morreu. Nasceu morta, aliás. Não passou de uma criação de um grupo de eurocratas, que se julgavam tão iluminados e acima do povão que achavam que o mesmo ia aceitá-la de braços abertos e olhos fechados. Tiveram azar. Foi precisamente ao contrário. A Europa dos eurocratas já não é a mesma dos europeus. Os eurocratas continuam, nas suas torres de marfim, a ver uma Europa que já não existe, se é que alguma vez existiu. Os europeus - principalmente aqueles cujos países há mais tempo estão na UE, por seu lado, vêem uma Europa em crise, com uma economia que não há maneira de desemperrar, que ameaça acabar definitivamente com o seu Estado Social, à custa de terem que pagar milhões para os outros - os do sul, os do leste - deles usufruirem (ou simplesmente os estoirarem alegremente...), à custa de terem que sustentar hordas de imigrantes, e com o risco supremo de terem que engolir a entrada da Turquia. Não será exactamente assim, mas é assim que grande parte dos europeus vê a Europa nos dias que correm. Talvez não fosse mau fazer alguma coisa para os sossegar. E começar a convencê-los, devagarinho, que o Estado Social tem que ir ali dar uma volta e que pode não voltar tão cedo.

Por mim, espero que o pânico que grassa por Bruxelas e pelos governos dos vários países seja passageiro, que não passe de uma ressaca de um valente espalho, e que, com o tempo, as pessoas se acalmem, percebam a mensagem e ajam em conformidade, deixando de dar passos maiores que a perna, como foi o caso deste último alargamento.

É que é melhor uma má União do que não haver União. E mais longe nem me atrevo a ir.