TASCA DA ESTAÇÃO

11.12.05

Aventuras no reino de Nestum

Sindicato admite responsabilizar criminalmente ministro por morte de agente.

Lagos, 11 de Dezembro de 2005. Um grupo de assaltantes tenta roubar uma caixa Multibanco do Intermarché. A polícia aparece e persegue-os. Há uma troca de tiros. Um polícia morre.

Que há aqui de tão extraordinário? Àparte a tragédia pessoal, e essa diz respeito apenas aos mais próximos da vítima, nada. Ser polícia tem riscos, lida-se com criminosos de toda a espécie, incluindo aqueles que disparam a matar e, sendo assim, é obviamente mais provável morrer um polícia em serviço do um empregado de escritório.

Por isso, a reacção do Sindicato dos Profissionais da Polícia (SPP) é verdadeiramente espantosa. Mais: o seu delegado no Algarve terá proferido esta pérola: "Só começando a responsabilizar política e criminalmente os responsáveis políticos poderemos acabar ou fazer diminuir estas tragédias que ciclicamente ocorrem".

Portanto, para o SPP, o responsável último pela morte do agente foi o Ministro da Administração Interna. Ou seja, o MAI é responsável pelo comportamento dos criminosos deste país. Sugiro que o MAI indemnize as pessoas assaltadas, as instituições burladas, as famílias dos assassinados e que seja criminalmente responsabilizado pelos actos dos criminosos. Por mim, o Ministro da Administração Interna deverá ser imediatamente preso até ao final do mandato, altura em que será libertado, sendo então preso o seu sucessor. Sim, porque o ministro estará sempre a ser criminalmente responsabilizado pela morte de alguém, pelo que deverá exercer o seu mandato a partir do cárcere.

Estou sem palavras: que mais irão eles inventar?

Por este andar ainda vamos ter o Ministro da Defesa acusado de ser o responsável pela morte de soldados no Iraque ou Afeganistão. A menos que os movimentos associativos militares tenham, ao contrário do SPP, vergonha na cara e admitam que um militar em teatro de guerra (como um polícia numa perseguição) se arrisca a morrer.