TASCA DA ESTAÇÃO

5.7.06

Mundial 2006 - VIII

Comecemos por dizer que a França mereceu ganhar. Foi sem espinhas, nós nem cócegas lhes fizemos, incapazes de pressionar, de atacar, de massacrar. Nada: parecia que o jogo estava zero a zero ou que o um a zero era a nosso favor. O Deco, de magia só conseguiu fazer-se desaparecer do jogo, o Maniche fez um remate e pouco mais, o Pauleta idem, o Figo e o Ronaldo correram, mas só isso. Nem a balda do Barthez conseguimos aproveitar. A França não jogou nada, mas não foi preciso: um bocado sem saber como, apanharam-se a ganhar e a partir daí foi estacionar o autocarro e controlar. À séria, não ao pontapé para a bancada. Os velhos já não correm mas sabem muito. E nós tínhamos a obrigação de ter feito muito mais. Não fizemos, só temos que nos queixar de nós próprios.

Verdade se diga que foi um jogo de merda. Assim como o Portugal-Inglaterra, com uma diferença: desta vez o adversário marcou um golo.

A propósito de golo, FOI penalty sobre o Henry. Azar do Ricardo Carvalho, que chuta no ar com o pé direito e com o esquerdo atinge acidentalmente o Henry, que já cá anda há muitos anos e, esperto, mal sente o contacto deixa-se cair. Certo é que a falta existe.

A propósito de penalties, NÃO FOI penalty sobre o Ronaldo. Belo mergulho, merecia amarelo.

A propósito de mergulho, os jogadores portugueses pasasaram o jogo a dar razão aos jornalistas franceses. Contei uma boa meia dúzia de mergulhos para a piscina. Uma vergonha! Não precisamos disto, até porque não foi à conta dos mergulhos que chegámos onde chegámos.

E falando do árbitro, o discurso do costume: os portugueses (e o Scolari, e o Nuno Luz, e os tugas em geral) queixam-se do árbitro, que somos o parente pobre, que estávamos ali a mais, que se fôssemos poderosos estávamos na final, etc. Discurso de gente pequenina, incapaz de aceitar que Portugal perdeu o jogo por nunca ter tido soluções para o ganhar. O árbitro não influiu minimamente no resultado! Nada, nada, nada! Tive que sair da frente da TV, pois se não me enervei com o jogo, já estava a ficar fora de mim com aquela conversa de merda, típica do povo de merda que somos! E os SMS em rodapé, que raio de moda de dar tempo de antena e espaço de écran a atrasados mentais! São sempre os outros os culpados, somos uns desgraçados, não nos deixam, é uma injustiça, somos uns calimeros. Não vale a pena, e o futebol é só o espelho do resto.

Mudemos de assunto, para falar de coisas agradáveis: grande Zidane. Um regalo vê-lo jogar, uma pena vê-lo deixar de jogar. Repito: o melhor jogador da era pós-Maradona.

Domingo, estou pela Itália. Simplesmente porque não gosto dos "bleus", não gosto de franceses, estou farto de perder com franceses (mesmo que, como hoje, sem espinhas) e também porque a Itália foi até agora a melhor equipa do campeonato.

Merda de jogo: nem me deu ganas de torcer o pescoço a um francês. Pior: já dei os parabéns aos meus colegas franceses. Raisparta nisto!!!

Finalmente (agora que já destilei o veneno): acho que fizémos um campeonato excelente. Superámos todas as expectativas. Não fomos mais longe porque não conseguimos. Porque não nos deixaram. Não o árbitro, mas sim a França, o nosso adversário em campo. Custa perder? Pois custa. Agora, é pensar porque perdemos e partir para outra. Há um terceiro lugar para ganhar, e mais mundiais pela frente. E um dia ganharemos à França.