A morte de um combatente
Tenho tendência para simpatizar com gente como Yasser Arafat. Gente que sacrifica uma vida inteira por uma causa, abraçando-a a tal ponto que se torna uma obsessão.
Arafat lutou por uma causa legítima (o direito do povo palestiniano a ter uma pátria), recorrendo aos meios que na altura entendeu legítimos. Podem (devem!) contestar-se esses meios, embora não devendo esquecer-se que os fundadores do Israel moderno usaram os mesmíssimos meios na luta pela sua causa. E se um erro não justifica outro, também não podemos usar dois pesos e duas medidas quando meio (terrorismo) e fim (criação de um estado) são exactamente idênticos.
Arafat nunca desistiu perante as enormes adversidades que encontrou. Perseguiu o sonho de um Estado Palestiniano, envolvendo-se de tal maneira que acabou por perder jogo de cintura, tendendo rapidamente a extremar posições. Aqui chegados, é altura de dizer que do outro lado não estão, nem nunca estiveram, propriamente anjinhos papudos. Os extremismos foram, e são, de parte a parte.
Arafat era, pois, já parte do problema. Metade, mais exactamente. A outra metade é a actual classe dirigente israelita, encabeçada por um Ariel Sharon que tem tanto ou mais sangue nas mãos do que Arafat tinha. E essa metade está viva e bem viva.
É, contudo, inegável que o desaparecimento de Arafat abre perspectivas inéditas de entendimento no Médio Oriente, pese embora a extrema complexidade de toda a situação. Assim o queiram Sharon e a sua clique de terroristas de estado, agora, como antes já o estiveram, envoltos em peles de cordeiro. Assim consiga a nova liderança palestiniana controlar os fanáticos terroristas que nas ruas dão cabo de tudo o pouco que se consegue no papel.
Curvo-me, pois, perante a memória do velho combatente, morto numa cama de hospital, sem honra nem glória, e sem ter realizado o sonho que lhe comandou a vida. Normalmente é assim. Não sei porquê, mas é.
P.S.: Fixem isto: ou muito me engano, ou o obtuso George W. Bush vai ficar na história como o Grande Pacificador do Médio Oriente.
Arafat lutou por uma causa legítima (o direito do povo palestiniano a ter uma pátria), recorrendo aos meios que na altura entendeu legítimos. Podem (devem!) contestar-se esses meios, embora não devendo esquecer-se que os fundadores do Israel moderno usaram os mesmíssimos meios na luta pela sua causa. E se um erro não justifica outro, também não podemos usar dois pesos e duas medidas quando meio (terrorismo) e fim (criação de um estado) são exactamente idênticos.
Arafat nunca desistiu perante as enormes adversidades que encontrou. Perseguiu o sonho de um Estado Palestiniano, envolvendo-se de tal maneira que acabou por perder jogo de cintura, tendendo rapidamente a extremar posições. Aqui chegados, é altura de dizer que do outro lado não estão, nem nunca estiveram, propriamente anjinhos papudos. Os extremismos foram, e são, de parte a parte.
Arafat era, pois, já parte do problema. Metade, mais exactamente. A outra metade é a actual classe dirigente israelita, encabeçada por um Ariel Sharon que tem tanto ou mais sangue nas mãos do que Arafat tinha. E essa metade está viva e bem viva.
É, contudo, inegável que o desaparecimento de Arafat abre perspectivas inéditas de entendimento no Médio Oriente, pese embora a extrema complexidade de toda a situação. Assim o queiram Sharon e a sua clique de terroristas de estado, agora, como antes já o estiveram, envoltos em peles de cordeiro. Assim consiga a nova liderança palestiniana controlar os fanáticos terroristas que nas ruas dão cabo de tudo o pouco que se consegue no papel.
Curvo-me, pois, perante a memória do velho combatente, morto numa cama de hospital, sem honra nem glória, e sem ter realizado o sonho que lhe comandou a vida. Normalmente é assim. Não sei porquê, mas é.
P.S.: Fixem isto: ou muito me engano, ou o obtuso George W. Bush vai ficar na história como o Grande Pacificador do Médio Oriente.