TASCA DA ESTAÇÃO

12.7.06

Pós-Mundial - IV

Eu nem devia perder tempo com isto. Mas é demasiado obsceno para passar em claro. Refiro-me, obviamente, ao pedido formulado pelo inacreditável Madail, pressupõe-se que indo de encontro à vontade dos nossos artistas da bola e, de certeza com o acordo do respectivo Sindicato, para que os 50 mil euros que cada jogador recebeu de prémio fosse isentado de IRS.

Parece que a lei prevê coisa parecida para quem preste serviços relevantes à pátria. Desculpem, mas um quarto lugar (ou um primeiro que fosse) num Mundial de futebol não me parece um serviço relevante à pátria. Que ganhou o país? Ficou contente por uns dias e nada mais. O PIB sobe? Não. A nossa justiça melhora? Não. O défice reduz-se? Não. O IVA baixa? Não. O SNS deixa de ser um sorvedouro de dinheiro? Não. A educação sobe de patamar? Não. A Segurança Social equilibra-se? Não. O desemprego baixa? Não. Crescemos mais que a média europeia? Não. Então?

Tomo esta atitude como um insulto pessoal, e é porque não tenho nada que falar em nome dos milhentos trabalhadores por conta de outrem que todos os meses vêem uma bela fatia dos seus parcos ordenados ir direitinha para o IRS sem sequer lhes passar pelo bolso. E cuja maioria não ganha num ano os 50 mil euros que os meninos ganharam num mês, a título de bónus, sublinhe-se.

Como é possível que uns marmanjos que recebem milhões por ano sejam fuínhas ao ponto de quererem empochar mais 15 ou 20 mil euros com um expediente destes? Explica o presidente do Sindicato: é que jogador de futebol é profissão de desgaste rápido. Pois, para um gajo que não passa da Liga de Honra e que nunca recebe mais de 600 ou 700 contos por mês, eu ainda aceito. Agora para gandulos que ganham 100, 200, 300 mil euros por mês, fora direitos de imagem, contratos publicitários, cachets disto e daquilo, prémios de jogo, prémios de assinatura e sei lá que mais?

Tenham paciência: VÃO PRÓ CARALHO!