TASCA DA ESTAÇÃO

3.11.06

Arredondamento, mas para cima

A ânsia regulamentadora de um governo que ainda não se conseguiu livrar de alguns tiques esquerdistas só podia dar nisto. Reclamou-se do arredondamento das taxas de juro, quando este variava de banco para banco, permitindo ao consumidor escolher a solução mais vantajosa. Agora, o Estado impôs regras que iriam eliminar este lucro "imoral" dos bancos. Esqueceram-se, porém, de um pormenorzinho: o spread, instrumento que os bancos utilizam de forma perfeitamente discricionária. Assim sendo, perde-se no arredondamento, compensa-se no spread. Os clientes não ficarão a pagar menos nos contratos que estabelecerem a partir de hoje, provavelmente ficarão é a pagar mais, mas ficam contentes porque 1), não se apercebem que o spread é maior e 2), o arredondamento é à milesimazinha.

A medida só é vantajosa para os clientes actuais (e mesmo assim, vamos ver o que os bancos vão fazer: é que eles só lidam com dinheiro, são especialistas nisso...). É uma medida eficaz a curto prazo e totalmente ineficaz a médio e longo prazo. Do ponto de vista dos clientes, claro. Os bancos, esses, agradecem mais esta benesse.