TASCA DA ESTAÇÃO

23.3.05

O vale-tudo

Ministros de Santana adjudicam sistema de comunicações três dias após as eleições. Um dos ministros (Daniel Sanches) até tinha deixado de ser administrador da empresa vencedora para ir para o governo. O que nos faz imediatamente lembrar a velha história da mulher de César. É que estamos a falar de um contrato de mais de 500 milhões de euros. E um governo cessante não deveria decidir concursos de 100 euros, quanto mais de 500 milhões. É que a decisão é política, não técnica (por muito que nos queiram fazer crer o contrário: quem como eu lida com concursos públicos sabe bem que o poder dos técnicos acaba precisamente onde começa o dos políticos - e NÃO vice-versa), o que significa que o objectivo de uma coisa destas é, no mínimo, entalar o governo sucessor. E é bom que seja só isso, principalmente quando houve concorrentes que terão desistido "alguns alegando que o concursos estava previamente decidido (ver PÚBLICO de 17/09/2003)". Depois da enxurrada das nomeações de última hora, com o ministério de Nobre Guedes à cabeça, vem agora isto. É o regabofe total. Que mais poderemos esperar dos últimos estertores dos acólitos do menino guerreiro?