TASCA DA ESTAÇÃO

2.4.05

TV's e igreja no seu melhor

A esta hora, e segundo a versão oficial, o Papa ainda está vivo. Desde há praticamente dois dias que a comunicação social segue com avidez mórbida as últimas horas de um velho doente. Certo, não é um velho doente qualquer. Mas a cobertura tem sido um perfeito exagero: morre, não morre, está consciente, não está consciente, vê cristo, toca em deus, está preparado, reage, não reage. Entrevista-se o bispo, o cardeal, o padre, o médico, a Aura Miguel. As pessoas têm curiosidade mórbida, definitivamente. As TV's limitam-se a seguir esse sentimento. Ad nauseam.

Nunca morri de amores por Karol Wojtyla (enquanto papa, está bom de ver). Tenho as minhas razões, as quais não vêm ao caso agora. Mas nos últimos dias só tenho visto um velho em sofrimento, a quem parecem não querer deixar morrer em paz e sossego. Sim: a máquina do vaticano, ao melhor estilo soviético (como bem lembrou o BdE), reserva-se o direito de dispor da vida do seu líder até quando lhe for possível, para anunciar a sua morte quando mais lhe convier.