TASCA DA ESTAÇÃO

28.6.05

A agonia do Barnabé

Hoje foi o membro desestabilizador (porventura sem culpa disso) que saiu. Quantos restarão? Em todo o caso, parece óbvio que o Barnabé está ferido de morte. É pena.

27.6.05

Estou solidário...

... com o Atrasado Mental.

A propósito do Arrastão...


... e de um post de ontem. Com a devida vénia ao sempre oportuno Blasfémias.

O que é que tem o Barnabé que é diferente dos outros?

Meteu gente a mais. Pelos vistos, gente que não se conhecia. Pior, com opiniões muito diferentes entre si. Um blogue colectivo tem que se lhe diga. Alguém, na minha tertúlia de amigos, sugeriu fazermos um blogue. Recusei liminarmente: prefiro a tertúlia do e-mail (que recorre a uma técnica muito simples: quem escreve envia a mensagem para todos os outros), e que resulta na perfeição desde 1997. Na minha modesta óptica, um blogue é pessoal e intransmissível.

Mas, uma vez na vida, compreendo o Daniel Oliveira: quando um dos meus amigos tentou incluir um amigo dele (e só dele) na tertúlia, opus-me. Porque aquilo é uma tertúlia onde todos são amigos de todos. Onde todos têm imensa confiança uns com os outros, e onde o tipo de linguagem e de conversas está conforme a essa amizade e essa confiança. Um estranho deixar-me-ia constrangido e ainda hoje estou convencido de que procedi bem, pois acho que a tertúlia não teria durado muito mais.

Um blogue colectivo só resulta quando as opiniões de todos são muito próximas. E mesmo assim nem sempre resulta. O Barnabé quis ser diferente. E às primeiras divergências entre membros que não se conhecem entre si, estilhaçou-se. Depois do Daniel Oliveira, o Rui Tavares. Posso estar a agoirar, mas, parafraseando os REM, acho que é o fim do Barnabé tal como o conhecemos.

26.6.05

The dark side of the moon


Os madeirenses têm há 30 anos, porque assim o querem, o Alberto João;
Os marcoenses tiveram anos a fio, porque assim o quiseram, o Avelino Ferreira Torres;
Os amarantinos vão ter, porque assim o querem, o Avelino Ferreira Torres;

O povo é soberano. Respeitarei, claro, a sua vontade, não me peçam é para respeitar gente que se revê no Alberto João e no Avelino Ferreira Torres. Desculpem, mas há limites para tudo.
No fundo, já dizia o Miguel Sousa Tavares no Público de Sexta-feira, cada povo tem os governantes que merece.

Twilight Zone à moda do Bloco

Na Sexta, leio no Público que a inefável Ana Drago afirmou que o arrastão de Carcavelos foi, afinal, a fuga maciça de (pacatos, presume-se) jovens perante uma carga policial indiscriminada. Portanto, ao contrário do que muita gente (certamente movida por inconfessáveis motivos) viu e noticiou, os pacatos jovens estavam calmamente a banhos quando, sem se saber porquê, apareceu ali uma catrefa de bófias que, sem motivo algum, carregou forte e feio sobre os pobres rapazes (só porque eram pretos, imagina-se).

Será por os assaltantes serem pretos que o BE se sentiu compelido a apresentar uma versão dos acontecimentos que contraria todas as outras? Porque se transforma uma questão de mera delinquência numa questão racial? Porque é que nestas coisas há a tendência de querer apagar o fogo com gasolina?

Tecnologia de ponta

Isto de ter carros cheios de paneleirices tem as suas vantagens. Ontem, entro no carro, ponho-o a trabalhar e ele diz-me que tenho um furo na roda traseira esquerda. Fui ver, e não é que era verdade?

Post-scriptum:
  1. Se não tivesse ido oferecer uns óculos de sol à patroa não tinha estacionado em cima daquele maldito prego;
  2. Dois furos tive eu na puta da vida: os dois foram no Fundão; deve haver algum significado místico nisto;

The Day After


Ontem foi dia de casamento. Hoje foi dia de ressaca.

24.6.05

Sinais dos tempos

Uma interessante blasfémia...

A "gaffe" da ministra

Quem vai para o Governo sabe ao que vai, digo eu. Sabe, por exemplo, que tem que lidar diariamente com a pressão dos media. E, mais uma vez digo eu, antes de aceitar o convite para integrar o elenco governativo, qualquer pessoa deve pensar muito bem se está disposta, e é capaz, de lidar com essa pressão.

Pois parece que a nossa ministra da Educação, ou não pensou, ou pensou que aguentava e está a dar-se mal. Atrapalhou-se, meteu os pés pelas mãos, balbuciou qualquer coisa, e saiu uma enorme alarvidade. Quem ouviu as declarações percebe que, de facto, as mesmas resultam de uma enorme atrapalhação. Mas, ficou dito. E registado. E dizer que as decisões dos tribunais açoreanos não respeitam a República Portuguesa é uma alarvidade descomunal.

Depois veio dizer que disse o que disse sob pressão. Pois disse. E voltamos ao primeiro parágrafo. Não vamos crucificar já a senhora (o apelo da corporação dos juízes reclamando a intervenção do Presidente é ridículo), mas ou começa a aguentar a pressão ou o melhor é ir-se embora para tarefa mais recatada.

Andamos com azar com as ministras da educação...

23.6.05

Os velhos ainda mexem

Posted by Hello

Iron Maiden à séria e para conhecedores, no passado dia 16 no Pav. Atlântico. À séria porque continuam em forma em palco, eu que há 15 anos que não assistia a um concerto deles, para conhecedores porque só tocaram músicas dos primeiros 4 álbuns (80-83). De tal modo foi que a 1ª música ainda estou para saber qual era, a 2ª só no refrão descobri (Murder on the Rue Morgue), pelo que só à 3ª (o fantástico The Trooper) o pavilhão veio abaixo. Depois, foram por aí fora com clássicos como Phantom of the Opera, Running Free, Prowler, Iron Maiden, Run to the Hills, Wratchild e o inevitável Sanctuary.

Grandes músicas em première ao vivo (para mim):
  • The Number of the Beast
  • Hallowed be thy Name
  • Where Eagles Dare
  • Revelations
... e o que faltou (imperdoável! a grande gaffe do concerto): Flight of Icarus.

Quanto ao público, constata-se que os velhos metaleiros perderam cabelo e ganharam barriga (e juízo). A heterogeneidade imperava, em idades (16-55, p'raí) e em género. Guedelhudos eram raros e o ambiente estranhamente limpo, principalmente para quem viveu as gloriosas noites dos concertos heavy no Dramático de Cascais. Não vi porrada, não vi gajos perdidos de bêbados a vomitar, charros mal os cheirei, mosh era pouco e localizado, enfim, o tempora, o mores.

P.S.: o concerto dos 4 álbuns ideal seria de 83-86: The Number of the Beast, Piece of Mind, Powerslave e Somewhere in Time. Hoje estão em forma, mas nunca atingiram o nível daquela época verdadeiramente dourada.

20.6.05

Visita a um condenado à morte

Foi no Sábado: o condenado era o Litoral Alentejano.

19.6.05

F1: sugestões

Para aumentar o espectáculo:
  • Qualificações no sistema antigo, com cada piloto a poder rodar até 12 voltas por sessão, a qual decorre em 1 hora: cada piloto escolhe os seus timings; nessa altura as qualificações eram empolgantes, principalmente os últimos minutos;
  • Pneus slicks; estes pneus com rasgos não se parecem com nada: porque não pneus de bicicleta, já agora?
  • Fim dos travões em carbono (a diminuição drástica das distâncias de travagem é a causa principal de não haver praticamente ultrapassagens em corrida);
  • Reabastecimentos com mudanças de pneus em simultâneo, se a equipa assim o entender; a situação actual é completamente estúpida;
Para reduzir a velocidade:
  • Redução da área das asas dianteiras e traseiras;
  • Fim das "asinhas" laterais;
  • Motores mais pequenos;
  • Aumento do peso mínimo dos carros;
Para reduzir os custos:
  • Redução da jóia de inscrição, que é absolutamente incomportável para um privado;
  • Limitação do nº de chassis a construir por época (ritmo de construção a definir por cada construtor, para permitir evoluções ao longo da época - cada chassis comprovadamente inutilizado por acidente poderia ser substituído por um novo)
  • Limitação do nº de motores a utilizar por época, por exemplo 1 por GP e por carro (mas a gestão do "bolo" a ser feita pela equipa ao longo da época, e com oritmo de construção a definir por cada construtor, para permitir evoluções ao longo da época,)
  • Limitação do nº de pneus a utilizar (mas não como agora: eventualmente voltando ao esquema anterior de 3 ou 4 jogos por carro e por GP, ou atribuindo a cada equipa um determinado nº de pneus a usar por época)
  • Limitação de algumas ajudas à condução
Relativamente à redução dos custos, duas notas:
  • Não cair nos ridículos exageros actuais: cada corte tem que ser muito bem ponderado, dado que a F1 é sobretudo um espectáculo, e cenas deprimentes como um piloto a arrastar-se para poupar gasolina (como vimos nos anos 80) ou para poupar os pneus ou o motor só servem para afastar espectadores;
  • Não esquecer que a F1 é uma montra tecnológica, da qual acabam por beneficiar os carros de série: limitar a capacidade de inovação servirá apenas para afastar os grandes construtores;

A palhaçada

Hoje assistiu-se a uma das maiores palhaçadas de sempre em eventos desportivos. Refiro-me, obviamente, ao GP dos EUA em Fórmula 1.

A atitude da Michelin foi vergonhosa ao desculpar-se com um problema de segurança para encobrir um espalhanço monumental na escolha do tipo de pneus a levar para este GP. A questão residia no desgaste prematuro do pneu traseiro esquerdo, o mais solicitado em Indianapolis. Ora, se o pneu se desgastava demais, nomeadamente na última curva, os pilotos tinham um bom remédio, que aliás os pilotos que correm com Bridgestone já se viram forçados a experimentar esta época: tirar o pé. Mas isso implicava que a Michelin fosse humilhada pela Bridgestone, o que, obviamente, a marca francesa não estava para suportar, sendo mais fácil semear o pânico nas equipas, que se portaram à altura e se retiraram, como se a F1 não fosse um desporto de risco. Curiosamente, os pneus Bridgestone, que tantas dores de cabeça deram nas primeiras corridas, portaram-se de forma impecável.

Aliás, já em 2003 a Michelin, na ânsia de derrotar a Bridgestone, fez batota, produzindo pneus que, com o aquecimento, acabavam por ficar mais largos do que o regulamentar, situação que estava a dar resultados, com a Williams, McLaren e Renault a darem bigodes à Ferrari. Para seu azar, a Ferrari deu-se conta, mesmo clamando inocência, lá acabou por voltar aos pneus mais estreitos. Quem não deve, não teme, lá diz o povo, mas parece que a Michelin não tinha a certeza de ter as contas em dia. Resultado, a Ferrari, com a Bridgestone, ganhou as 3 ou 4 corridas que faltavam para o fim do campeonato, e o Schumacher lá foi outra vez campeão.

No meio disto tudo, a F1 levou uma machadada que pode ser mortal. E se a Michelin e as equipas suas clientes têm culpas no cartório, a principal culpada é a FIA e o seu presidente, Max Mosley, que de ano para ano inventa regulamentos cada vez mais imbecis, quiçá preocupado com um domínio da Ferrari, que cometeu o crime de ser melhor que as outras. Nunca tanto como hoje a F1 merece o epíteto de "circo". A F1 está a morrer e se não mudarem as moscas morre mesmo. E a culpa não é da Ferrari, nem do Schumacher. E, no que respeita aos EUA, não deve lá voltar tão cedo.

No meio disto tudo o Tiago Monteiro tornou-se o primeiro português a subir ao pódio na F1, e estava feliz. Não teve ele culpa da palhaçada que se verificou, e fez uma bela corrida, facto aliás referido no site oficial da F1.

16.6.05

Medidas anti-défice (II)

IVA a 21%. Solução expedita para gerar receitas, mas que se reflecte negativamente na nossa competitividade. Vale no curto prazo, se é para manter é asneira e revela incapacidade de atacar no verdadeiro problema: a fuga fiscal, do lado da receita, e a gordura do estado, do lado da despesa.

Capa Negra (II)

Fica ali ao Campo Alegre e é uma das razões que me faz gostar do Porto. Quanto mais não fosse pela excelente francesinha e pelos príncipes sempre gelados e bem tirados. É uma daquelas cervejarias tão típicas cá de cima, com um longo balcão, corrido e recortado, onde se senta todo o género de gente, mas sempre gente, muita gente. Não há dia em que a casa não esteja cheia até às duas da madrugada. As pessoas saem, aqui no Porto. E conhecem-se, conhecem os empregados, criandoum ambiente extremamente agradável e informal. Afinal, o Porto é uma aldeia, não é?

Álvaro Cunhal

Morreu outro homem de causas. Quando escrevi este post sobre Arafat, escrevi-o a pensar em Álvaro Cunhal. E fui sempre pensando no que escreveria quando este momento, que se adivinhava próximo, chegasse. Cunhal sacrificou a vida inteira em prol da causa comunista. Lutou por ela e acreditou nela de tal forma que nem com a queda do Muro e o colapso da URSS alteraram as suas convicções. Também, seria porventura demais pedir-lhe isso. Não deve ser fácil lidar com o desmoronar de tudo aquilo por que se sacrificou uma vida inteira. A amargura que sentiu nestes últimos 15 anos apenas podemos imaginá-la. A vida ascética que levou, e os sacrifícios por que passou podemos conhecê-los com algum detalhe, por exemplo graças a Pacheco Pereira e à sua ?Biografia Política?. Como já escrevi, nutro particular admiração por este género de pessoas, que põem uma causa acima da própria vida. No caso de Álvaro Cunhal, soma-se a isso o facto de ser um personagem extremamente interessante, a todos os níveis.

Por isso, avaliar Álvaro Cunhal pelo que ele fez nos últimos 30 anos, ou pior ainda, entre 1974 e 1975, é extremamente redutor. Cunhal foi muito mais do que isso, para bem dele e do país. Cunhal foi durante décadas o principal rosto da resistência ao fascismo (embora haja quem defenda que Salazar não era fascista*). Apesar da concepção de liberdade que Cunhal tinha não fosse exactamente a que eu tenho, o facto é que foi ele e outros como ele que lutaram e sofreram a bom sofrer para que eu e outros como eu hoje estejamos a viver numa democracia. Sim, foi a esquerda quem se opôs e lutou activamente contra o regime. É, pois, à esquerda (e a um grupo de militares descontentes) que devemos a liberdade. A direita, essa, vivia no interior do regime e à sombra deste (Sá Carneiro, por exemplo, foi deputado à Assembleia Nacional), porventura esperançada, mas aparentemente sem se esforçar muito, que o regime mudasse e acabasse por evoluir para uma democracia. De resto, as suas virtudes democráticas só se tornaram públicas com o 25 de Abril (vide Freitas do Amaral que, nas palavras do próprio, ditas na campanha para as presidenciais de 85, nasceu para a política no 25 de Abril, embora na altura já fosse crescidinho).

Apenas tive o privilégio de lhe apertar a mão por uma vez. Foi precisamente há 20 anos, em Moscovo, quando as nossas concepções do mundo eram parecidas. Hoje, mesmo com tantas diferenças entre os nossos pensamentos, deixa-me saudades. Resta o seu inimigo íntimo, Mário Soares, como último representante de uma geração de políticos como não há hoje.

* A bem dizer, no sentido estrito do termo, nem Hitler era fascista. Fascista era Mussolini. Enfim, retóricas de uma direita incomodada com as suas ideias.

Sortes

Hoje calhou-me uma suite, no último piso do Hotel Fénix Porto. Ainda espero a sorte suprema que é ir parar ao Ipanema Park. Por ora, só consegui ir parar ao Ipanema Porto, o que já não é mau, embora o parque de estacionamento seja uma merda (ao menos, o do Fénix tem bastantes lugares). Pena é que o tempo que aqui passo não dê para desfrutar. Ao menos gozo a vista, magnífica: Foz, Palácio de Cristal, Torre dos Clérigos, Monte da Virgem... É tão bonito de dia quanto de noite.

12.6.05

A relatividade das coisas

O português acha os jobs e os boys um escândalo nacional. Mas acha sempre que para ele é legítimo abrir uma excepçãozinha. Afinal, mais um, menos um, não faz grande diferença, pois não?

Galafura, 31 de Maio de 2005

Posted by Hello
O vale do Douro em todo o seu esplendor, numa paisagem de cortar a respiração. De Vila Real, sai-se em direcção ao aeródromo, e depois é ir seguindo as placas.

O argumento definitivo

Se a Madeira fosse independente, o Sporting tinha sido campeão. Argumento mais definitivo não pode haver. De que estão à espera? Madeira independente, já!

Madeira independente, já!

Como se não bastasse ter o inimputável Alberto João proferido o que proferiu sobre os jornalistas do cont'nente, que é como quem diz, que não lhe lambem as botas, vieram os deputados do PSD-Madeira (por falar em lambe-botas) aplaudir (de pé) as suas afirmações.

O voto de congratulação contém pérolas como esta: "A Assembleia Legislativa da Madeira congratula-se com o modo, mais uma vez firme, como o presidente do Governo Regional denunciou comportamentos na comunicação social de Lisboa, os quais atentam contra os direitos, liberdades e garantias dos portugueses".

Eu não tenho respeito absolutamente nenhum pelo Alberto João, como está bom de ver. Acho-o indigno. Ora, o referido senhor é aplaudido de pé pelos deputados da bancada parlamentar (regional) do seu partido. E é eleito sistematicamente pelos madeirenses, em eleições livres. Ou seja, eu não tenho respeito absolutamente nenhum pelos deputados do PSD-Madeira nem pela maioria do povo madeirense, que se revê em tamanho alarve.

Repito o que já escrevi aqui, duas vezes: fechem-lhes a torneira e deixem-nos governar-se sozinhos. O défice agradece e eu também.

Nem o Presidente escapa

Agora é o Jorge Sampaio que - oh, supremo vigarista! - acumula o seu ordenado de Presidente com uma reforma da sua actividade como advogado.

Um detalhe de somenos: a reforma provém da Caixa de Previdência da Ordem dos Advogados, financiada em exclusivo pelos próprios, através de contribuições efectuadas ao longo da sua vida profissional. Foi isso que Sampaio fez ao longo de umas dezenas de anos. Ou seja, o estado não está a contribuir com um cêntimo sequer para a referida reforma.

Onde está, então, o problema? Não terá o Expresso nada de importante para noticiar?

Diz o roto para o nu...

... porque não te vestes tu?

Que é como quem diz que o PSD, com um exemplo como o do cacique da Madeira, tem mais é que estar caladinho quando se trata de criticar acumulações de ordenados de cargos políticos e reformas.

Vasco Gonçalves

Haverá quem o recorde como sendo das pessoas que melhor incarnou os ideais de Abril. Não sou um deles. Os ideais de Abril, na minha modesta opinião, não passam por tentar dar cabo do país com reformas desastrosas como foram as nacionalizações ou a reforma agrária. Os ideais de Abril passam pela conquista de um estado de Direito democrático como o que, com todas as suas virtudes e defeitos, temos hoje. E que ainda está a pagar as asneiras do chamado "gonçalvismo". Os portugueses têm a tendência de desculpar os mortos. Por mim, separo as águas: este post não é sobre o homem, é sobre o político. O homem, não o conhecia, pelo apenas posso lamentar a sua morte, depois de vida longa e, certamente, cheia. O político, esse, não me deixa saudades.

7.6.05

Ilusões

Posted by Hello

Um estranho animal listado, qual tigre convertido, por qualquer mistério da Natureza, ao sportinguismo? Ou simples socalcos no vale do Douro, vistos a partir do miradouro de S.Lourenço, na Galafura?

Pensavam que era só o Calimero que as armava, era?

O Ministro dos Negócios Estrangeiros da República Portuguesa tem uma opinião muito clara sobre o futuro imediato do processo de ratificação da Constituição Europeia.

O Prof. Diogo Freitas do Amaral também tem uma opinião muito clara sobre o futuro imediato do processo de ratificação da Constituição Europeia.

Acontece que a opinião do Ministro dos Negócios Estrangeiros da República Portuguesa é diametralmente oposta da do Prof. Diogo Freitas do Amaral.

Esta divergência de opiniões não seria minimamente importante, antes perfeitamente natural, e até saudável numa democracia, se o Prof. Diogo Freitas do Amaral não fosse o Ministro dos Negócios Estrangeiros da República Portuguesa.

Mas o Prof. Diogo Freitas do Amaral É, DE FACTO, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da República Portuguesa.

A isto chama-se "TRAPALHADA".

BritCom

Vi aqui, fui ver melhor ali e fico à espera que o ministro Campos e Cunha não tenha visto, nem ninguém por ele. É que 30.000 km/ano dão 37.500 ?/ano!

Realmente, o Waldorf tem razão. Era o fim do défice. E, já agora, o fim do mundo. Em cuecas. Ou nem isso.

E ao primeiro dia de calor ...

Posted by Hello
... fica à mostra que ninguém fez o trabalho de casa. Os anos passam, os políticos falam, o país arde. A mim só uma coisa me admira: como é que ainda restam árvores para arder.

6.6.05

Medidas Anti-Défice (I)

Criação do escalão de IRS de 42%

Medida para encher o olho ao povão. Como li algures aqui, foi uma medida para aumentar a popularidade do governo entre os taxistas, sopeiras e - acrescentaria eu - adeptos do Benfica.

O aumento de receita será residual, senão mesmo nulo ou negativo. É que, quem recebe mais de 60 mil euros por ano (trabalhando por conta de outrem, claro está) está normalmente em posição de negociar com o respectivo empregador por forma a continuar a ganhar precisamente o mesmo, sem que isso se traduza forçosamente em mais IRS pago. Muito pelo contrário, até.

É, em resumo, uma medida meramente política: o impacto na receita, positivo ou negativo, será residual.

A União está doente

A constituição morreu. Nasceu morta, aliás. Não passou de uma criação de um grupo de eurocratas, que se julgavam tão iluminados e acima do povão que achavam que o mesmo ia aceitá-la de braços abertos e olhos fechados. Tiveram azar. Foi precisamente ao contrário. A Europa dos eurocratas já não é a mesma dos europeus. Os eurocratas continuam, nas suas torres de marfim, a ver uma Europa que já não existe, se é que alguma vez existiu. Os europeus - principalmente aqueles cujos países há mais tempo estão na UE, por seu lado, vêem uma Europa em crise, com uma economia que não há maneira de desemperrar, que ameaça acabar definitivamente com o seu Estado Social, à custa de terem que pagar milhões para os outros - os do sul, os do leste - deles usufruirem (ou simplesmente os estoirarem alegremente...), à custa de terem que sustentar hordas de imigrantes, e com o risco supremo de terem que engolir a entrada da Turquia. Não será exactamente assim, mas é assim que grande parte dos europeus vê a Europa nos dias que correm. Talvez não fosse mau fazer alguma coisa para os sossegar. E começar a convencê-los, devagarinho, que o Estado Social tem que ir ali dar uma volta e que pode não voltar tão cedo.

Por mim, espero que o pânico que grassa por Bruxelas e pelos governos dos vários países seja passageiro, que não passe de uma ressaca de um valente espalho, e que, com o tempo, as pessoas se acalmem, percebam a mensagem e ajam em conformidade, deixando de dar passos maiores que a perna, como foi o caso deste último alargamento.

É que é melhor uma má União do que não haver União. E mais longe nem me atrevo a ir.

Realmente...

Posted by Hello
... mais vale estar calado!